Especialistas e representantes do sistema de proteção reuniram-se nesta quarta-feira (21/5) no auditório do MPRO para compartilhar dados, experiências e resultados na luta contra a violência sexual infantil em Rondônia. A reunião reforçou a importância da educação continuada e do olhar sensível na identificação de sintomas de violência, reforçando a educação como ferramenta de prevenção e combate.
Promovida pelas coordenações do Grupo de Atuação Especial Cível e de Defesa dos Direitos Humanos, da Cidadania, do Consumidor, das Crianças, Adolescentes e Jovens e da Saúde (Gaeciv) e do Grupo de Atuação Especial da Educação (Gaeduc), a roda de conversa reuniu integrantes do sistema de proteção, entre eles profissionais da saúde, educação, segurança pública e Justiça.
A programação foi dividida em dois momentos complementares. Na primeira, representantes da Polícia Rodoviária Federal apresentaram o projeto Vozes Suprimidas, que atua de forma preventiva nas escolas, com orientações a crianças e adolescentes sobre como identificar e relatar situações de violência. Uma representante da saúde mostrou o fluxo de atendimento no setor da saúde e um infográfico elaborado para auxiliar na identificação e encaminhamento de casos, destacando a importância da notificação pelos profissionais da rede. Já na segunda roda, intitulada Protegendo Nossas Crianças, o foco foi o diálogo entre diferentes áreas — saúde, educação, segurança e Justiça — sobre estratégias conjuntas de enfrentamento à violência sexual, reforçando a necessidade de um olhar sensível, escuta qualificada e atuação coordenada da rede de proteção.
Sinais sutis
Durante a abertura, a Promotora de Justiça Luciana Ondei Rodrigues Silva, coordenadora do Gaeduc, destacou a importância de momentos presenciais de formação como o realizado nesta quarta-feira. “Eventos assim nos permitem parar para ouvir, refletir e aprender com experiências de outras instituições. A escuta especializada é essencial, mas precisamos também estar atentos à linguagem corporal, aos sinais sutis que crianças e adolescentes emitem”, afirmou.
A promotora lembrou que muitos sinais de sofrimento são percebidos mais no comportamento do que nas palavras. “A criança pode demonstrar resistência, medo ou desconforto diante de situações aparentemente simples, como abraçar alguém. Isso pode indicar algo mais profundo. Nosso papel, como rede de proteção, é reconhecer essas manifestações e agir com responsabilidade”, acrescentou.
Luciana Ondei também reforçou que a escola é um espaço estratégico para a identificação de situações de violência. “Não se trata de transferir responsabilidades, mas de reconhecer que a escola é o local onde a criança passa a maior parte do tempo, sendo, portanto, uma importante aliada na escuta e no cuidado.”
União de esforços
Coordenador do Gaeciv, o Promotor de Justiça Julian Imthon Farago reforçou que o Ministério Público tem atuado de forma articulada com outras instituições para fortalecer o sistema de garantia de direitos. “Nosso objetivo é somar esforços com a rede de proteção para promover um atendimento mais eficiente e humanizado. Precisamos olhar para cada criança e adolescente como sujeitos de direitos, garantindo a escuta qualificada e o encaminhamento adequado em situações de violência”, destacou.
Farago também apontou que o evento representa o compromisso do MPRO com a promoção de direitos e com a formação continuada dos profissionais da rede. “Falar sobre violência sexual ainda é um desafio, mas é um compromisso que assumimos para transformar essa realidade”, concluiu.
O evento integra as ações do MPRO dentro da campanha Faça Bonito, realizada em todo o país no mês de maio para lembrar o 18 de maio, Dia Nacional de Combate à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. As conversas aconteceram no auditório da sede da instituição, em Porto Velho, e foram transmitidas ao vivo pelo YouTube.
FONTE : MP / RO